quarta-feira, 3 de agosto de 2011

DIREITO A RESPOSTA – GREVE DOS PROFESSORES

Quero cumprimentar o Sr. José Luiz Vermohlen, Exmo presidente desta casa e em seu nome  cumprimentar cada vereador e também a todas as pessoas presentes nesta sessão.
Peço licença para ocupar a tribuna e representando todos os professores que estavam em greve, esclarecer algumas inverdades que foram proferidas por alguns vereadores e poucas pessoas da sociedade  leobertense, e ter o direito de resposta:
·         Quando ouvimos que somos apaixonados, e deveríamos procurar outra profissão quando estávamos em greve, nós respondemos: somos apaixonados sim, pela nossa profissão. Amamos o que fazemos. Reivindicar direitos não significa não gostar da profissão, pelo contrário, é acreditar nela, viver dignamente com ela. Então quando vemos os noticiários que bombeiros, policiais, funcionários da saúde reivindicam melhor salário, médicos reivindicam reajustes em consultas, é porque não gostam de suas profissões? Dizer aos senhores que todo cidadão tem o direito de reclamar e exigir seus direitos de forma pacífica e ordeira.
·         Quando ouvimos que não teríamos mais motivos de continuar na greve, pois o governo já estava pagando o piso conforme  folha de pagamento, e  que a greve passava a ser política partidária contra o governador, visto que alguns professores tinham voltado ao trabalho, respondemos:   Qualquer leigo que acompanhou nos meios de comunicação viu que a adesão da greve  chegou a 90% dos profissionais. Aqui na nossa Escola chegou a 100%. Durante 33 dias nossa Escola estava totalmente sem aulas. E desse número de professores tanto aqui no município quanto no Estado, quase a maioria votaram no então governador Raimundo Colombo. Nunca na história do estado e do nosso município houve uma união da categoria para reivindicar a Lei Federal do Piso do magistério, aprovado desde 2008. Mas por que alguns professores retornaram para suas atividades e outros não? Qual o motivo que o nosso grupo continuou em greve por mais 20 dias? Resolvemos acompanhar os professores  das escolas de nossa regional de Ituporanga que  ainda eram mais de 50% paralisadas, e porque ainda não estávamos satisfeitos, pois os professores de início de carreira e professores sem habilitação tinham recebido aumento maior que os professores de final de carreira e com pós graduação. O plano de carreira é uma tabela salarial que varia conforme a habilitação, cursos e anos de serviço. A polêmica é que o governo alegava pagar o piso R$ 1.180,00 sem respeitar o plano de carreira, e descontou direitos conquistados de outras greves como a regência de classe e aulas excedentes, achatando a tabela desmotivando um professor a fazer uma pós-graduação ou mestrado. O fato de alguns professores terem voltado ao trabalho é pessoal, mas não porque estavam satisfeitos com o aumento. 
·         Não queríamos acreditar quando um representante do povo e professor disse que os pais deveriam jogar pedras nas casas dos professores para que saíssem da toca. O que motivou  essa incitação a violência? Gostaríamos que ele se retratasse publicamente. O seu salário de professor é melhor que o nosso? O senhor não acha que o professor merece ganhar melhor? Respondemos que nós somos  pessoas de bem, da paz, não queremos violência, dizer que tudo o que fizemos não foi pessoal. Dizer que nestes dias de greve não ficamos entocados, mas fomos ativos através de participações em passeatas aqui em nossa cidade e em outros municípios. Dizer que fizemos  nossa manifestação não por ódio ou porque estávamos apaixonados, mas sim indignados com a política educacional, como os nossos governantes tratam a nossa educação. Se estávamos em casa, não era descansando, mas sim estressados, preocupados com os nossos alunos, lendo os noticiários e até rezando para que a greve acabasse logo.
·         Quando ouvimos que deveríamos seguir o exemplo dos professores municipais que reivindicaram reajuste salarial na gestão onde eu era secretário municipal de educação, e não entraram em greve, eu respondo: mesmo que os dois casos se referem ao magistério, não pode servir de base para comparação, porque são épocas  e contextos diferentes e reivindicações diferentes, que não é o caso explicar. Mas antes de entrarmos em greve no dia 19 de maio, o SINTE já tinha se reunido com o governo várias vezes para negociação, porém sem sucesso. Não houve alternativa se não entrar em greve, uma manifestação constitucional que todas as categorias têm o direito de fazer. Dizer aos vereadores que o piso nacional é uma lei federal que deve ser aplicado nos estados e municípios. Aproveito este momento para questionar os senhores vereadores: como estão sendo gastos os recursos do FUNDEB? O nosso município paga o piso a todos os professores da rede municipal? Os senhores já tiveram a curiosidade de ver a tabela salarial, o plano de carreira dos nossos professores municipais? Quanto ganha um professor de final de carreira e de início de carreira? Os senhores já compararam salário de um professor pós-graduado com outro funcionário da prefeitura também pós-graduado? Os professores da rede municipal de Leoberto Leal tinham um dos melhores salários de nossa região, mas agora? Isso mudou pra melhor ou pior? Soube que os professores da rede municipal organizaram uma comissão para estudar o plano de carreira ou solicitar reajuste na porcentagem da pós-graduação de 30%. Já emitiram ofício a Prefeita oficializando o reajuste. Que aproveito para parabenizá-los pela iniciativa. Qual é a opinião dos senhores vereadores sobre isso? Quem dos senhores faz parte desta comissão ou está intercedendo pela categoria?

·         Para finalizar senhores e não tomar mais o seu tempo que já se esgota: aprendemos muito com esta greve. Retornamos pra sala com vitórias e conquistas até ano que vem, quando podemos começar uma nova greve se as promessas do Sr governador não forem cumpridas. Aprendemos que não devemos mais nos calar, lutar pelos nossos direitos, aprendemos que a união faz a força, que não podemos ser fanáticos por partido político, time ou religião, mas nos unirmos para conseguirmos algo. Aprendemos que devemos cobrar de nossos governantes mesmo tendo votado neles. Comprovamos que a educação ainda não é prioridade para os nossos governantes. Aprendemos que não podemos ter medo de dizer o que pensamos, de nos expor. Por isso deixo o incentivo para os nossos colegas professores da rede municipal de lutarem por seus direitos, nem que para isso devam entrar em greve.
Para os nossos vereadores, pedimos que acompanhassem as negociações da comissão com o executivo e intercedam pelos professores, ainda dá tempo. Ano que vem tem eleições, procurem não prometer o que não realizaram hoje. Educação de qualidade não é apenas construir escolas ou comprar transporte escolar, é também valorizar os nossos professores, pagando melhor seus salários, terem materiais disponíveis nas escolas para desenvolveram atividades diferentes. Agradecemos a oportunidade pelo direito de resposta e obrigado aos vereadores e pais que apoiaram os professores nesta greve e que torcem por uma educação melhor.


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