sábado, 4 de junho de 2011

Vidal Ramos - 25/05

IMAGENS DE UMA VERDADEIRA AULA DE CIDADANIA!
A trilha musical escolhida a dedo...
EU SÓ PEÇO A DEUS...

Parabéns
Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
             Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o q'eu queria
União nunca vista
Eu só peço a Deus
Que a dor não me seja indiferente
             Que a morte não me encontre um dia
Solitário sem ter feito o que eu queria
A coragem
Eu só peço a Deus
Que a injustiça não me seja indiferente
   Pois não posso dar a outra face
Se já fui machucada brutalmente
A determinação
Eu só peço a Deus
Que a guerra não me seja indiferente
                É um monstro grande e pisa forte
Toda fome e inocência dessa gente
O Espírito de grupo

Eu só peço a Deus
Que a mentira não me seja indiferente
Se um só traidor tem mais poder que um povo
Que este povo não esqueça facilmente

A busca de melhorias para todos

Eu só peço a Deus
Que o futuro não me seja indiferente
        Sem ter que fugir desenganando
Pra viver uma cultura diferente

Organização

A alegria

A acolhida

A superação

Dignidade

O Saber

O Ensinar

O Aprender

A Solidariedade
É PARCEIRO DOS PROFESSORES
ESTAMOS A DISPOSIÇÃO PARA O QUE DER E VIER

AOS PROFESSORES QUE NÃO ENTRARAM NESSE MOVIMENTO...

LEIAM COM MUITA ATENÇÃO...

Durante duas semanas, nos enfrentamentos da greve do magistério público de Santa Catarina, os professores do comando de greve do SINTE vêm procurando garantir e engrossar o quorum da vitória sobre o inimigo. Nesse contexto, os pedágios, os esclarecimentos à comunidade, os atos públicos com a garantia da criatividade e o tradicional arrastão nas escolas para arrebanhar os colegas remanescentes nas salas de aula. Dentre todas essas tarefas, alguma dúvida sobre a mais árdua? A comitiva de grevistas chega à escola e vai pedindo licença pra chegar à sala dos professores, de onde em instantes se ouvirá o sinal do recreio para os colegas de área fazerem a sua merenda e descansarem uns pares de minutos. Achegam-se os esperados que vão baixando os ombros e depositando as pilhas de livros e cadernos em cima da mesa. Manejam a xícara de café preto e dividem o pacote de bolachinha pedagógica aliciado da merenda escolar. Assentam-se. Alguns se encolhem nas cadeiras, enquanto outros, percebendo a situação, quase deitam, aparentemente tão confortáveis que mereceriam um encosto de cabeceira.   O comando lhes sauda, tal como saudasse companheiros de longa data. Ali, quem nunca coxixou já se viu em algum círculo acadêmico ou já trabalhou junto em alguma outra escola. Alguns abracinhos e beijos trocados pelos mais chegados, inicia-se a conferência. São expostas as reivindicações da categoria (só pra constar, caso alguém de mais sorte nunca tenha se deparado com alguma demanda do quadro caótico das instituições educacionais da rede).Logo então se faz o momento mais deprimente e peculiar de toda e qualquer greve deste magistério público: as lamentações, as alegorias, os comparativos, a cólera represada da greve passada que impossibilita uma nova ação respaldando os discursos. As alegações são as mais várias e apresentam-se como exclusividade: "minha filha vai casar, então preciso do prêmio assiduidade...", "minha esposa não deixa!", "sou ACT!", "estou em estágio probatório", "sou mãe solteira e pago aluguel" - note-se que nesta época triplica-se o percentual de mães solteiras e praticamente meio mundo pretende casar! "Passeata é coisa de terceiro mundo!" e...a pérola supra-sumo de toda e qualquer tentativa de manifestação: "Se todo mundo entrar eu entro!"   Pois então entra pelo ralo da fossa do Judas, minha amiga, caríssima professora. Entra na barriga do carrapato do jumento degolado, amigo professor; e, contenta-te com as migalhas oferecidas, como se nada fosse nada, e algo melhor fosse mera utopia. Ficam anos amontoando o escremento das administrações públicas e não criam coragem pra mandar as contas e as convenções sociais pro espaço por um tempo e entrar de fato numa greve, mesmo que esta seja como a que a categoria enfrenta no momento - uma causa ganha, para a qual falta apenas firme pressão e um pouco mais de postura da classe trabalhadora. Surgiu daí o bordão do momento: "Governo é igual feijão, só funciona na pressão!" Uma sentença tão simples mas tão emperrada, que parece difícil de ser assimilada pelos colegas docentes.   A diretora da instituição dá o aval, garante auxílio na reposição das aulas, incentiva como nunca fizera. Contudo, as nadegas espalmadas no banco de madeira não se movem milímetro. Bocejos, gracejos, umbigos. Coisa de David Lynch? Infelizmente é a postura que o comando encontra nas escolas, as quais nesta época estariam muito mais bonitas fechadas, desertas como a atribuição que os estados têm dado a elas - um grande largo sem vida aparente, por onde passa uma brisa sem importância nem necessidade de investimentos, à qual conceituou-se Educação!   Esgotados todos os recursos de retórica, o comando se retira, sem antes colocar: "Aguardamos vocês na greve!" E não fora pouca a minha gastrite nesses momentos inescrupulosos de tamanho descaso de evidentes analfabetos políticos ou figuras que se vitimizam, ainda ouço um "Não posso entrar na greve, mas estarei espiritualmente com vocês na luta!" Mas pela ova da macaca! De onde surgiu essa pérola das pérolas da greve? Seria mera brincadeira de ancião? Comida de desdentado? Homem bomba sem cavanhaque? Gostaria de entender tal logística! Por mais espiritualista que seja, não vejo possibilidades de lutar sem estar de corpo presente! Ao menos é mais zen que "Boa sorte!" ou "Força lá!", igualmente deprimentes. Um dia todos estarão espiritualmente na greve; provavelmente quando aprendermos a viver de luz e a assimilar conhecimento por osmose. Enquanto isso...nos agitamos entoando "é greve, é greve é greve é greve, até o Colombo pagar tudo o que nos deve!".   
Ramone Abreu Amado

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